Juntas! Virando A Mesa Do Poder
Juntas! Virando a mesa do poder

Juntas! Virando A Mesa Do Poder

Manifesto da plataforma lançada domingo (02/08).

Coletivo Juntas 3 ago 2020, 09:45

Dia e noite milhões de trabalhadoras e trabalhadores circulam pelas cidades do país para que, através de seu esforço e seu trabalho, consigam levar para dentro de casa um prato de comida na mesa da família. A marcha da degradação dos direitos no Brasil, em curso nos últimos anos, levou milhões para trabalhos cada vez mais precários, reservando às mulheres os piores postos, com menos garantias e menores salários.

A pandemia do novo coronavírus é uma tragédia multifacetada. As trabalhadoras, abandonadas à própria sorte, viram sua renda desaparecer, a fome retornar para dentro de casa, a doença arrasar com a vida de seus conhecidos e a violência de gênero se intensificar. Enquanto  isso, o patrimônio dos bilionários brasileiros cresceu cerca de 34 bilhões de dólares durante esta crise. 

A degradação da vida atinge com força os 99% da população que sustentam o 1% mais rico. Sabemos que esta maioria é composta por uma diversidade que sente na pele a precarização dos seus direitos, cada um à sua maneira. A negritude, maioria da população brasileira, testemunha o abismo da desigualdade social. A população indígena vive um etnocídio há mais de 500 anos, mas agora experimenta um dos piores períodos de ataques desde a redemocratização do país. Quilombolas veem seu direito à terra cada dia mais cerceado. As LGBTs lutam pela sua sobrevivência cotidiana e por vida digna num país extremamente LGBTfóbico e que lidera o ranking de assassinato de pessoas trans no mundo. As pessoas com deficiência não encontram serviços públicos adequados para possibilitar que possam viver com dignidade. O feminismo que nós, mulheres, devemos construir é para os 99% que produzem as riquezas deste mundo e que vivem no seu cotidiano e com a sua diversidade a ameaça cotidiana às nossas vidas.

O novo coronavírus veio se somar a uma outra epidemia que já estava em curso no país.  A Human Rights Watch definiu que no Brasil vivemos uma epidemia de violência contra as mulheres. Ainda que a Lei Maria da Penha seja uma das mais avançadas do mundo, o país falha em aplicá-la devidamente, o que podemos comprovar ao ver que ocupamos o quinto lugar no ranking mundial de feminicídios.

O assassinato de mulheres por sua condição de gênero, no entanto, respeita a cruel lógica racista da sociedade brasileira. Enquanto o feminicídio de mulheres brancas aumentou 1,7% entre 2007 e 2017, o de mulheres negras aumentou 60%. A violência se estende, também, para fora de casa, quando muitas mulheres moradoras das periferias, negras em sua esmagadora maioria, assistem ao estado assassinar seus filhos. Aqui, em terras brasileiras, as polícias matam cinco vezes mais do que nos Estados Unidos. E o alvo é sempre o mesmo.

A crise sanitária revelou a centralidade dos serviços de saúde pública para a sociedade, bem como deixou evidente que os profissionais da saúde, uma categoria preponderantemente feminina, enfrentam cotidianamente as péssimas condições de trabalho e o sucateamento dos serviços públicos.

O presidente Jair Bolsonaro é um misógino que coloca seu poder a serviço da perpetuação e intensificação da opressão sobre as mulheres. Seu discurso sexista e seu conservadorismo fundamentalista e criminoso são aliados da violência que vivemos todos os dias. Seu programa ultraliberal quer acabar com nossos direitos. Seu obscurantismo nos leva a incontáveis mortes nessa pandemia. O impeachment de Bolsonaro é uma urgência pelas nossas vidas.

Mais uma vez, nós nos levantamos. Fomos nós, mulheres, as primeiras a nos erguer contra Eduardo Cunha em 2015. Também fomos nós que, em 2018, inauguramos a luta contra Bolsonaro dizendo Ele Não, com as maiores manifestações feministas da história do país. Nos Estados Unidos, são as mulheres que ocupam neste momento a linha de frente das históricas manifestações do movimento Vidas Negras Importam, que têm colocado em xeque o racismo arraigado na sociedade norte-americana e apontando para outro mundo a ser construído.  E agora, seremos nós que em 2020 vamos enfrentar o projeto bolsonarista que quer trucidar nossos direitos e as nossas vidas.

Juntas, nós iremos virar a mesa do poder. Queremos construir uma sociedade radicalmente diferente, na qual a vida esteja acima do lucro dos bilionários. Queremos produzir um mundo onde a existência de nossos filhos não seja descartável e onde o medo da violência doméstica não nos acompanhe 24 horas por dia. Queremos acabar com a precarização da nossas vidas e lutar por dignidade. Nestas eleições, queremos construir trincheiras de resistência feminista antirracista e anticapitalista ao projeto de cerceamento das nossas liberdades e da nossa dignidade. E juntas queremos começar a mudar nossas cidades para transformar o mundo em que vivemos.


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