Juntas! rumo ao 19J!
Não podemos mais esperar até 2022, as mulheres brasileiras estão passando fome, morrendo de covid e sendo assassinadas hoje.
Se no último ano vimos diversos países se levantarem contra governos e regimes incapazes de garantir a vida durante a pandemia, vivíamos no Brasil uma grande dificuldade de responder nas ruas à política de morte do presidente Jair Bolsonaro. Nos últimos meses, esse cenário mudou. Como resposta à chacina do Jacarezinho, aos cortes nas universidades e uma motociata neofascista no Rio de Janeiro se abriu uma nova janela de lutas que avançou para a construção de grande atos nacionalizados no dia 29 de maio.
Ano passado, após muita luta, conquistamos o auxílio emergencial, ainda muito aquém do que era necessário. Esse ano, em meio a uma grande inflação que fez os preços dos alimentos mais básicos ficarem inacessíveis para muita gente, o auxílio foi cortado. Sabemos que as mulheres, mães de famílias, estão tendo muita dificuldade para manter a comida na mesa. Nesse contexto, as políticas de solidariedade ativa foram um exemplo, mas não suficientes. Para piorar a situação, o desemprego continua subindo. A falta de vacinas – recusadas sistematicamente pelo presidente – e a falta de políticas públicas para defesa dos trabalhadores e de pequenas empresas, deixou muitos desamparados. Entre as mulheres o desemprego é ainda mais alto. Enquanto o PIB sobe com a exportação de commodities da agropecuária e mineração – responsáveis pela destruição da natureza e dos povos indígenas – o povo passa fome.
Em meio às disputas entre o governo federal e o STF, vimos a maior chacina da história do Rio de Janeiro, com 29 pessoas assassinadas. A chacina foi uma resposta de Claudio Castro e Bolsonaro à restrição às operações policiais em favelas, conquistada pelo movimento negro no ano passado, após o assassinato de João Pedro de onze anos em sua casa. A violência policial vem aumentando vertigionamente nos últimos anos, mas tem cada vez mais encontrado resposta na organização do movimento negro. Semana passada, uma jovem de 22 anos grávida foi assassinada voltando da casa de sua avó. A morte de Kathlen mobilizou o Brasil, mostrando mais uma vez que o genocídio do povo negro precisa acabar.
O ataque bolsonarista vem de todos os lados e na educação não seria diferente. Repetindo o ataque de 2019, Bolsonaro autorizou cortes bilionários nas universidades públicas, fazendo com que algumas universidades manifestassem a possibilidade de fechar as suas portas. Esse ataque ideológico mostrou a força do movimento estudantil e lá estavam as mulheres, negros e negras e toda comunidade acadêmica na linha de frente no combate ao retrocesso. O dia 29 de maio mostrou a grande organização das universidades, que se somaram ao ato levando a importância da educação pública e da luta contra os cortes nas universidades. Na mobilização do dia 19 de junho estaremos nas ruas novamente, mobilizando nossos coletivos, centros e diretórios acadêmicos e diretórios centrais para levar a pauta da educação às ruas novamente.
Outra faceta desse momento, é o aumento dos feminicídios. Enquanto o registro de crimes relacionados à violência contra mulher baixaram, as denúncias no Ligue 180 subiram em 36% e os registros de feminicídios aumentaram em 16% no ano passado. Não é surpreendente que mulheres em maior situação de vulnerabilidade social tenham mais dificuldade para denunciar agressores e receber atendimento. No entanto, dois outros fatores devem ser levados em consideração. O primeiro é que em 2020, Damares utilizou apenas metade do orçamento disponível para combate à violência contra mulher e que esse ano, o orçamento disponível à pasta está sendo cortado. Isso significa uma precarização dos serviços de atendimento e prevenção e tem como consequência o aumento de casos extremos de violência. O segundo fator, é que ter um misógino no maior cargo de autoridade do país legitima o machismo e as ações violentas dos homens com os quais convivemos. Diante dessa situação, precisamos construir redes de solidariedade entre mulheres, e derrotar Bolsonaro urgentemente.
Não podemos mais esperar até 2022, as mulheres brasileiras estão passando fome, morrendo de covid e sendo assassinadas hoje. É necessário derrubar o presidente e pressionar pelo impeachment. Bolsonaro precisa ser julgado pelo genocídio da população brasileira, ao invés de ir para um segundo turno eleitoral baseado em fake news e discurso de ódio. Por isso, convocamos todas a estarem conosco nas ruas esse sábado por todo Brasil!