Por que vamos para a Marcha das Margaridas

Por que vamos para a Marcha das Margaridas

Pela primeira vez o Juntas! participa da Marcha das Margaridas.

Adriana Herz Domingues 1 ago 2023, 11:43

A Marcha das Margaridas é o maior ato de mulheres da América Latina, tendo reunido em sua última edição em 2019 100 mil mulheres. Seu nome é uma homenagem a Margarida Maria Alves, uma das primeiras dirigentes sindicais mulher do Brasil. Por seus enfrentamentos com os latifundiários de sua região, foi assassinada em 1983, na frente do filho e do marido. A Marcha que leva seu nome reúne principalmente mulheres agricultoras, mas também extrativistas, quilombolas, pescadoras e indígenas. Acontece desde os anos 2000, debatendo temas como a pobreza, a fome e o desenvolvimento sustentável, mas também reivindicações pela igualdade de gênero.

Como afirmou Diolinda Alves, em seu texto aqui em nosso site, a questão agrária é uma questão fundamental da organização das elites brasileiras. Desde a época da colonização os povos originários, os homens e mulheres sequestrados da África e as pessoas pobres em geral foram privados do uso comum da terra para que se produzisse matéria prima barata para a Europa, mais tarde Estados Unidos e hoje também para a China. O agronegócio se organizou como um dos pilares econômicos do Brasil, sempre excluindo e oprimindo. O peso desses setores foi evidente na vitória e no progresso do governo de Jair Bolsonaro, segue como a maior bancada do Congresso Nacional, e cada vez se investe mais na manutenção de seu poder. Além disso, a aliança com o bolsonarismo evidencia como o agronegócio se sustenta em uma ideologia machista, racista e LGBTfóbica. Por isso, a mobilização das trabalhadoras que estão em enfrentamento direto com esse projeto é para nós essencial.

No entanto, não podemos deixar de notar que não temos total acordo político com as organizadoras da marcha, a CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), sindicato dirigido pelo PT. O chamado da marcha deste ano é “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver” e foi elaborada uma carta com dez pontos bastante vagos para ser entregue ao final da marcha para o presidente Lula. O projeto do Juntas! não é um projeto de reconstrução do Brasil, pois o Brasil nunca foi construído para as mulheres trabalhadoras, e ainda que defendamos o bem viver dos brasileiros, entendemos que isso vai se dar através de lutas concretas e que precisamos avançar na construção de um programa feminista de revindicações paupáveis.

Essa será a primeira vez que o Juntas! participa da Marcha das Margaridas, a partir de nossa aproximação com companheiras da Frente Nacional de Luta (FNL) e do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), mas também companheiras extrativistas do Amazonas e militantes feministas de diversos lugares do Brasil. Vamos à marcha para aprender como essa organização histórica, mas também para pautar a luta pela Reforma Agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais, que tenta se fortalecer a partir da CPI do MST.


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