Greve de servidores em São Paulo, uma luta das feministas!
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Greve de servidores em São Paulo, uma luta das feministas!

Os ataques aos trabalhadores da educação atingem em cheio as mulheres, pois a baixa remuneração para quem já sofre com a dupla jornada, significa trabalhar até o limite das próprias forças

Débora Camasmie 25 mar 2024, 17:21

Os servidores do município de São Paulo estão em greve desde o dia 08 de março de 2024. Entre as categorias está a Educação. As reinvindicações estão além da questão salarial, mas o reajuste nos padrões de vencimentos é um ponto crucial das negociações. Os profissionais da educação tiveram em 2023 um reajuste no piso de 39% em forma de abono complementar, o que gera muita insatisfação uma vez que não incorporados aos padrões de vencimentos resultam uma desigualdade dentro da categoria e desvalorização do plano de carreira, uma vez que profissionais mais antigos na rede acabam recebendo igual aos ingressantes. Isso gera descontentamento e fica clara a falta de preocupação do governo com o investimento em formação de seus professores.

Outra reinvindicação é a revogação do SAMPAPREV que é o regime de previdência municipal aprovado pela gestão do até então prefeito Doria. Importante destacar que essa reforma já havia sido proposta na gestão do Haddad que deixou “de presente” ao seu sucessor. No SAMPAPREV os servidores passaram a ter um desconto de 14% dos vencimentos para o regime de previdência, inclusive os aposentados que foram os mais prejudicados com a soma desses dois fatores: reajuste em forma de abono e aumento da contribuição. Uma vez que o “aumento” não é incorporado ao padrão de vencimentos se perde na aposentadoria. Ou seja, profissionais que dedicaram suas vidas à educação além de não receberem os reajustes da categoria ainda passaram a contribuir ainda mais com o regime de previdência. É por esse e outros motivos como melhores condições de trabalho, novos concursos públicos, fim da terceirização que os profissionais do município de São Paulo estão em greve.

Mas porque essa é uma preocupação do movimento feminista? Por que, nós, mulheres feministas anticapitalistas precisamos somar nessa luta?

 A greve dos professores é considerada uma luta feminista por várias razões importantes, mas a principal dela é a representação majoritária, pois as mulheres compõem a maioria dos profissionais da educação, principalmente na educação básica e infantil. Portanto, qualquer movimento ou greve que envolva esses profissionais naturalmente também afeta as mulheres de maneira significativa.

A greve dos professores não é apenas uma questão trabalhista, mas também uma luta feminista que visa melhorar as condições de trabalho e garantir a igualdade de oportunidades para todas as pessoas envolvidas no sistema educacional.

Os ataques aos trabalhadores da educação atingem em cheio as mulheres, pois a baixa remuneração para quem já sofre com a dupla jornada, significa trabalhar até o limite das próprias forças. A crescente terceirização da categoria torna as condições de trabalho mais precárias, rebaixa os salários e aumenta a vulnerabilidade, uma vez que esses profissionais que não são efetivos (contratados) não tem estabilidade e estão sujeitos a perderem seus empregos quando se ausentam seja para cuidar da própria saúde ou de pessoa da família. As mulheres, mães, que no sistema capitalista e patriarcal em que vivemos são as responsáveis pelo cuidado dos filhos, sofrem diariamente com essa instabilidade e vivem com medo de perderem seus empregos.   

Nós do Coletivo Juntas estamos acompanhando as reinvindicações da categoria da educação e não há dúvidas que esses ataques do governo de Ricardo Nunes precarizam ainda mais a vida das mulheres. Acreditamos que a greve da educação, quando abraçada pelo feminismo, transcende as salas de aula e pode se tornar uma ferramenta poderosa para questionar e transformar as estruturas sociais e de trabalho que afetam desproporcionalmente as mulheres.

Nós, mulheres do JUNTAS, reivindicamos um feminismo revolucionário e estamos ao lado das professoras e demais profissionais da educação em greve no município de São Paulo, pois lutamos por um feminismo que ao lado da classe trabalhadora se coloca com a tarefa de lutar contra o machismo e o sistema capitalista que nos oprime diariamente.


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