A tarefa feminista na luta pelos direitos das pessoas trans
Enquanto houver corpos trans sendo subjugados pelo sistema, haverá luta! Esses corpos alertam a sociedade! A luta das mulheres muda o mundo. Sigamos!
Em 29 de Janeiro comemora-se no Brasil o dia da Visibilidade Trans. A ideia surgiu em 2004, quando um grupo de ativistas trans participou, no Congresso Nacional, do lançamento da primeira campanha contra a transfobia. A data passou, então, a representar a luta cotidiana das pessoas trans – especialmente as que se encontram em situação de vulnerabilidade – pela garantia de direitos e pelo reconhecimento da sua identidade.
É preciso que tenhamos em mente a consciência de que as transgeneridades historicamente lutam como as cisgeneridades, ou seja, as pessoas não-trans, e sofrem todas as lacunas sociais de silenciamento e dominação por um estado de domínio e controle sobre nossos corpos, que por sua vez nos apontam e desvelam um caráter político de morte, da barbárie e precariedade de todas as vidas. A transfobia é também um dos braços do capitalismo, tendo em vista que podemos observar como setores liberais aliados a ultra conservadores utilizam os corpos trans e os demais dissidentes do sistema para criar uma “pane moral” e alarde incitando que esses corpos são imorais e que portanto devem permanecer em um lugar de abstração nessa sociedade. Outro advento, isto é, quando não nos cooptam como marketing estratégico para impulsionar seus lucros e programas político midiáticos, a fim de enganar as pessoas utilizando de uma falsa premissa de representatividade e inclusão..
É preciso que resgatemos figuras históricas como Xica Manicongo, e tantas outras para compreendermos os processos políticos de ataques às liberdades fundamentais, democráticas, humanas e sobretudo no caso das pessoas trans, a de SER e EXISTIR.
Tratar de um feminismo compatível com a realidade social é tratar de compreender também a pluriversidade de nossas existências e as diferentes formas que nossos corpos ocupam o mundo. A luta pela igualdade de gênero deve incluir, sem hesitar, a luta pela libertação de todas nós. Enquanto mulheres plurais, carecemos de discussões plurais que vão nas raízes dos problemas e um programa de reivindicações que reconheça as mulheridades e identidades femininas, além daquelas que divergem dos padrões patriarcais: cis-branco-heteronormativos liberais e burgueses . Não avançaremos rumo a uma modificação real das estruturas que nos oprimem enquanto não pautarmos todas as violências que nos cercam e de que forma elas nos atravessam. É sempre importante apontar esses fenômenos categóricos, tendo em vista que os mesmos são resultantes da manutenção de um status quo por parte do Estado à serviço do capital que visa nos aniquilar.
Janeiro é considerado o mês da Visibilidade Trans pela agenda política do Movimento Trans, a nossa tarefa é aglutinarmos nessa luta e politizar mais pessoas trans e cis para enfrantarmos a transfobia que é um dos o ápices do aprofudamento da violência de gênero no Brasil, haja vista que é o país campeão de assassinatos de pessoas LGBTIs, e segundo a ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais, a média de vida de pessoas trans assassinadas é de 35 anos no país, um dado alarmante e que impulsionou novas agendas de lutas e colocou forças nas eleições municipais de 2020 revelando candidaturas trans expressivas em todo país, como Erika Hilton, Linda Brasil entre outras personalidades trans. Por essas e tantas razões é de extrema importância que coloquemos em prática um feminismo que abarque a compreensão e inclusão de pessoas trans dentro do movimento socialista, por um socialismo de fato revolucionário, também jovem, trans-inclusivo e cis-aliado. Enquanto houver corpos trans sendo subjugados pelo sistema, haverá luta! Esses corpos alertam a sociedade! A luta das mulheres muda o mundo. Sigamos!