Porque vamos às ruas dia 18
O retrocesso de décadas na ocupação das Universidades e Institutos Federais por parte da classe trabalhadora está em curso e não podemos permitir que avance.
Não é novidade que Bolsonaro elegeu como uma de suas frentes de ataque a educação pública brasileira e, seja em discursos falaciosos que descredibiliza as Universidades e Institutos Federais, seja nos cortes orçamentários que são retirados da educação, o Governo Bolsonaro é idealizador desse projeto de desmonte e grande inimigo da educação.
E, apesar das Universidades estarem cada vez mais enegrecidas e femininas, sabemos que esses espaços não foram pensados, a priori, para serem ocupados pelas mulheres. Essa mudança de perfil também é fruto de luta do Movimento Feminista. Muitas de nós somos as primeiras de nossas famílias a entrar no Ensino Superior e não queremos ser as últimas. Se lutamos por uma educação verdadeiramente emancipadora, precisamos garantir não só o ingresso das mulheres, de pessoas negras, de indígenas e de quilombolas, mas precisamos garantir principalmente as condições para a sua permanência.
Com Bolsonaro no poder, no entanto, não é possível avançar. Durante a gestão do 2º Ministro da Educação bolsonarista, Abraham Weintraub, o projeto “Future-se” foi apresentado como intenção do governo de deixar os rumos da educação pública a mercê do capital privado e dos grandes empresários, tratando os estudantes como mão-de-obra barata a ser facilmente moldada para seus interesses. Universidades e IF’s se opuseram ao projeto, além de terem batalhado contra intervenções em suas Reitorias. Bolsonaro nomeou diversos reitores interventores para colocar a sua política, desrespeitando a autonomia universitária.
Weintraub saiu, entrou Milton Ribeiro. Dessa vez, o motivo do afastamento foi a prisão do então ministro pela Polícia Federal por ter liberado de maneira irregular recursos da educação. Escândalos de corrupção não param de sair dos porões bolsonaristas.
Na última semana, o governo anunciou o corte de mais 1 bilhão de reais, totalizando 2,4 bilhões de reais que seriam destinados para instituições públicas de Ensino Superior. Certamente, a assistência estudantil e a consequente permanência dos estudantes nos espaços acadêmicos estão cada vez mais em risco. Além disso, se foram as mulheres, a negritude, os indígenas e quilombolas os últimos a entrarem nesses espaços, sem política de permanência, seremos os primeiros a sair. O retrocesso de décadas na ocupação das Universidades e Institutos Federais por parte da classe trabalhadora está em curso e não podemos permitir que avance.
A exemplo da resposta que os IF’s deram aos novos bloqueios agora durante o 2º turno, que fez com que Victor Godoy Veiga, 5º e, por ora, último Ministro da Educação, recuasse no discurso dizendo que iria reverter o último contingenciamento; do Tsunami da Educação de 2019 e da luta histórica do Movimento Estudantil, precisamos ir pras ruas. Em 2019, as estudantes estavam na linha de frente e protagonizaram essa batalha, em 2015, as mulheres estavam à frente das ocupações das escolas de Ensino Médio por todo país. É com essa fúria feminista das estudantes indignadas que precisamos ocupar as ruas e as praças no dia 18 de outubro e dizer que somos LULA PRESIDENTE EM NOME DA EDUCAÇÃO PARA TODAS.